terça-feira, 30 de junho de 2009

A hora de dar tchau está chegando

Era domingo, o dia de sair de casa havia chegado. Durante toda a semana eu havia me preparado para isso, mas realmente nenhum preparo tinha sido suficiente. Foram alguns meses pensando nisso e planejando isso, mas não pensei que seria tão difícil. Olhei para cada cantinho da minha casa, lembrei de várias histórias e principalmente que ali ficariam as pessoas que mais amo na vida. Lembrei como era legal subir no sofá, na estante e ficar pendurada na cortina da sala imitando o tarzan. Jogos da Copa do Mundo ao lado do paizão, jogos de canastra com os primos e com o Virsola (meu pai). No inverno para fugir do frio lembro que eu ficava na sacada no cantinho onde o sol batia. Minha mãe sempre dizia que era para fazer isso, principalmente depois do banho. Também nessa sacada eu prendi minha cabeça no meio da grade. Fui inventar de dar oi para a mãe e fiquei com a cabeça presa. Doeu bastante para tirar depois. Lembrei também das noites nada fáceis que passei, quando eu tinha medo e pânico. Das lutinhas que eu e minha irmã faziamos. Ela sempre ganhava, eu tinha medo de machucá-la. Do opalão vermelho do pai. Da diferença de ar quando chegavamos da praia, o ar de Criciúma sempre foi pesado por causa da mineiração. Das brigas por causa da panela de polenta, sim eu adoro comer polenta na panela e minha irmã também. Olhar tempestades chegando da frente da minha casa é lindo. Moro em lugar alto e sempre ficava espiando a chuva chegar. Só saia da frente de casa quando ela estava perto demais e o vento forte demais também. Lembro como era legal ficar pulando e andando em cima do muro. Um dia faltou luz na rua e eu deitei ali em cima do muro e fiquei olhando aquele céu lindo, deveria ter faltado luz mais vezes. O ruim era catar vela dentro de casa. Lembro da nega maluca que minha mãe faz, e de como muitos amigos adoravam ir lá em casa só por isso.

Era hora de dar adeus, de passar para uma segunda fase da minha vida. Era dia de dar tchau. As compras foram feitas, malas organizadas, roupas embaladas, livros, papéis, sapatos e fotografias. Resolvi imprimir várias fotografias que estavam na memória do meu computador. Uma forma de carregar as amigas e a família junto. Estava tudo arrumado dentro do carro e o horário de ir embora chegava cada vez mais perto. Durante a semana eu havia despedido-me das amigas e aos poucos fui dando adeus a casa que vivi essa primeira fase da minha vida. Meu quarto e sua parede lilás, minha cama onde sonhos, choro e risos foram ali vivenciados. A visão do terreno vazio da parte de trás de casa. O som do sino da igreja, a visão da janela da casa da minha vó, o sofá da sala, a garagem onde eu andava de patins, jogava futebol... o porão e seus mistérios, a imagem da lua na janela do meu quarto. Tantos momentos. algo que eu não mais viveria todos os dias. A hora de dar tchau havia chegado.

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